Debret e os hábitos alimentares na Corte brasileira

Um jantar brasileiro, Debret
A imagem mostra um casal de posses, sentado à cabeceira da mesa, jantando. Uma toalha de linho branco guarnecida com rendas cobre a mesa sobre a qual há cristais, porcelana, vinho, frutas, carne etc. O casal usa talheres, costume raro na colônia até a chegada da corte portuguesa, mesmo entre os mais abastados. Uma escrava espanta as moscas e dois escravos estão de prontidão para atender seus senhores (de um deles se vê apenas a sombra junto à porta). A senhora se entretém alimentando duas crianças negras, como se fossem cachorrinhos.

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Antes da chegada da corte portuguesa, consumia-se muita carne salgada vinda do Norte e a carne de porco proveniente por Minas Gerais. Já a carne de sol, então chamada de “carne do Ceará” e considerada um produto inferior, era destinada aos escravos. Comia-se pouca carne “verde” (carne bovina fresca), talvez por ser mais difícil de conservar além de ser fornecida em quantidade insuficiente para abastecer o mercado carioca. A alimentação dos pobres e escravos no Brasil Colônia, reduzia-se quase exclusivamente a carne seca, farinha de mandioca, peixes, arroz e feijão preto. Carne de porco eram para os dias de festa, assim como os legumes e hortaliças. Pimenta, angu e aguardente de cana eram consumidos sob o pretexto de despertar o apetite. Peixes, camarões, mariscos e ostras, pela abundância e baixo preço, eram utilizados por toda a população, mas principalmente pelos mais pobres. Preparados com condimentos, sobretudo pimenta, os alimentos marinhos eram frequentes em pelo menos uma das três refeições realizadas no dia, especialmente na ceia. Comia-se arroz cozido com camarões ou com cabeça de peixe acompanhado de pirão feito com farinha de mandioca e caldo de peixe ou carne. O feijão, de uso cotidiano e indispensável, era preparado de duas maneiras: cozido sozinho para acompanhar o peixe ou cozido com lombo, carne salgada, toicinho, linguiça, pés e orelha de porco – a suculenta feijoada. As frutas estavam ao alcance de todas as famílias. Banana, laranja, ananás e melão completavam a dieta dos brasileiros assim como alguns doces, como a goiabada e a canjica com açúcar e canela. A sobremesa mais apreciada era a mistura de farinha, melado e queijo de Minas. O queijo mineiro, pelo seu baixo preço, fazia parte da alimentação de quase toda população no Brasil Colônia.
Horário das refeições: quando o jantar era almoço Nos primeiros tempos da colônia, seguindo os hábitos europeus, as duas refeições principais para os senhores eram o jantar que ocorria cerca do meio-dia e a ceia, às 7 ou 8 horas da noite. Correspondiam, portanto, respectivamente ao almoço e jantar de hoje. No final do século XVI, uma nova refeição foi introduzida: o almoço, tomado pela manhã e correspondente ao nosso café da manhã. No século XVIII, nas casas mais ricas, introduziu-se a merenda, que se comia entre o jantar e a ceia. Com a nova refeição, a hora da ceia passou para 9 ou 10 horas da noite. No século XIX, independente da classe social e atividades exercidas, havia quatro refeições bem definidas. A primeira, depois de acordar, era o almoço; seguia-se o jantar, entre meio-dia e 2 horas da tarde; no meio da tarde, a merenda e, por fim, a ceia, depois das 9 horas da noite. Daí entendermos que o título “Um jantar brasileiro”, da aquarela de Debret, correspondia, na verdade, ao nosso almoço. No século XX, houve uma nova mudança: o almoço passou a ter lugar entre meio-dia e 1 hora da tarde, o jantar aproximou-se das 8 horas da noite e a ceia, quando ocorria (tornou-se facultativa) era servida depois das 11 horas da noite. Com os novos hábitos, a refeição matinal ganhou um novo nome em Portugal, passou a se chamar pequeno almoço – termo que não foi adotado no Brasil. O descanso depois do “jantar” Após o jantar (almoço), os senhores faziam a sesta por duas ou três horas. Vestidos à vontade, com roupas largas, calças curtas e descalços, eles descansavam até o cair da noite. Só então, levantavam-se, faziam a toalete para receber visitas ou sair a passeio.

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